sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

NATAL SEM/COM FOME

Senhor “espírito do natal”, há muito tenho guardado em meu coração algumas coisas para te dizer. Pra começar, não entendo porque você só aparece e acontece uma vez por ano. Durante os trezentos e sessenta e quatro dias seguintes sinto sua falta. Para ser mais sincero, sinto fome: fome de paz, fome de abraço, fome de um presente, fome de um sorriso, fome de amizade, fome de solidariedade. Como sinto fome de um telefonema, de um cartão, de um e-mail... Sinto fome das ruas iluminadas, das luzes coloridas, das cantatas, dos presépios, das árvores e casas enfeitadas. Sinto fome de panettone, de rabanada, de peru, de chester, de pernil... Sinto fome de um champanhe, de um bom vinho, acompanhando um bolinho de bacalhau (mesmo que tenha que beber um “engov” antes e outro depois). Sinto fome da família reunida, da ceia, do amigo secreto da repartição; sinto fome, fome, muita fome...

Por favor, “espírito do natal”, não se ofenda, mas às vezes chego a pensar que o senhor é uma farsa, uma bela de uma trapaça, assim como um cometa que vem e que passa.

Desculpe-me a franqueza, mas duvido até que o senhor tenha alguma coisa a ver com o Natal do menino Jesus. Olhe só! Ele prometeu estar conosco todos os dias (não só em alguns dias de dezembro); prometeu dar-nos sua Paz, (que não depende de presentes e comes e bebes); Ele afirmou que veio para ser a nossa Luz (que não corre o risco de racionamento nem de apagão); Ele disse que é o Pão da vida: pão espiritual, cheio de vitaminas, que nos alimenta para a vida. Não um pão recheado de frutas secas, cristalizadas, um produto artificial, industrializado.

Perdoe-me a dureza, senhor “espírito do natal”, mas tenho que dizer o que penso: o senhor até que imita e disfarça bem, mas é um falso espírito do natal... E digo mais ao senhor, “falso espírito do natal”: para muitos desses ricos e pobres, com comida ou sem comida, sem teto ou com teto, com terra ou sem terra, o NATAL de verdade não existe. O que eles comemoram pode ser chamado de qualquer coisa (espírito comercial), menos de NATAL DE JESUS.

Enquanto as pessoas não conhecerem o verdadeiro espírito do natal (Jesus), vamos continuar tendo NATAIS COM FOME: fome de paz, fome de justiça, fome de amor, fome de luz, fome de vida, fome de comida...

NATAL SEM FOME de verdade nós só teremos quando JESUS nascer de fato nos corações das pessoas, pois só ele pode saciar a fome física, emocional e espiritual do ser humano.

É bom não esquecer, parafraseando o que disse um saudoso sociólogo preocupado com a fome material das pessoas: “Quem tem fome de Jesus tem pressa”, pois, da mesma forma que a outra, esse tipo de fome também mata, e como mata...

Doe uma cesta básica espiritual neste e em todos os NATAIS (= todos os dias do ano): semeie a paz, plante a alegria, cultive o amor, edifique a justiça: VIVA COM E COMO JESUS.

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