Trabalho Acadêmico - Linguística I
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
PLANO DE AULA
Objetivo:
Refletir com os alunos sobre a variação da língua, ensinando-os a valorizar as
diferenças culturais e linguística, considerando as suas necessidades de
compreensão da concordância verbal, deslateralização, e do rotacismo.
“Do ponto
de vista pedagógico, não basta dizer que o português culto é a língua da
escola, é preciso que o aluno esteja motivado a usar a língua da escola. O que
se espera, então, do professor de português é que ele trabalhe o hiato que
existe entre a variedade trazida pelo aluno de casa (que nunca deve ser taxada
de “erro”) e a norma culta, no sentido da inclusão social do aluno e não no
sentido da discriminação ou da exclusão.” (GÖRSKI, Edair Maria; COELHO, Izete
Lehmkuhl)
Mostrar
para os alunos que a linguagem é muito importante, pois com ela comunicamos com
as pessoas que estão ao nosso redor, tanto a língua oral como a escrita são
essenciais na vida social de cada indivíduo, por meio delas obtemos
informações, e transmitimos nossos conhecimentos.
Assim
devemos considerar que:
“É
preciso, evidentemente, conhecer também as dinâmicas sociais, saber que o
discurso do “certo” e do “errado” é forte na nossa cultura, ter consciência
dessa força. Mas também é preciso opor a esse discurso um outro discurso, o da
racionalidade, o das explicações científicas para os fenômenos de linguagem.
Sem essa postura, o ensino de língua permanecerá como tem sido há séculos:
obscurantista, repressor e um forte aliado na preservação das desigualdades
sociais e das discriminações culturais.” (BAGNO, 2013, p. 61-62)
Através
da linguagem comunicamos nossa cultura de acordo com o que aprendemos, pela
pronúncia, vocábulos adotados, entonação e do sotaque conseguimos conhecer
muito sobre quem está falando, sua idade, sexo, profissão, escolaridade,
origem, nível socioeconômico. Com a língua portuguesa formal aprendemos a
maneira de falar adequadamente “correta”, e teremos um papel melhor na
sociedade.
Instruir
ao aluno que o papel da escola é aprimorar a nossa linguagem:
“[...] o
objetivo da escola é ensinar o português padrão, ou seja, talvez mais
exatamente, o de criar condições para que ele seja aprendido. [...] O equívoco,
aqui, parece-me, é o de não perceber que os menos favorecidos socialmente só
têm a ganhar com o domínio de outra forma de falar e de escrever. Desde que
aceite que a mesma língua possa servir a mais de uma ideologia, a mais de uma
função, o que parece hoje evidente” (POSSENTI, 1996, p. 17-18).
Método:
Assistir ao filme Tapete Vermelho com os alunos, e discutir com a turma as
variações linguísticas de concordância verbal, deslateralização, e do rotacismo
existentes:
Selecionar
algumas frases do filme onde apresentam as variações para instruir os alunos
sobre o assunto:
“cinema
tem mais nois num sabe se vai passa da filme da mazaropi. Nois nunca viu nem.”
“nois
podi ajuda ocê.”
“Hora
quinzim sosse que vorta pra trais nois vorta, mais vo fala uma coisa pra oce,
se oce quisé vorta pra trais nois vorta hem.”
“Oia
cumpanheru, nois vai passa aqui um firme, da nossação lá im brasia.”
“O
dona, eu ja vi qui a sinhora é muitu bondosa, a sinhora pudia mim dá essis
firmi de Mazzaropi, a sinhora num sabi u tantu qui já andei pra vê essis
firme.”
“Ta
bao, eu saio, mais seis tem qui ponha um tapeti vermei aí, si não num sáio.”
“Trabaiava
numa fazenda aqui perto, fazendão, meu, hoji trabaio com biscate, façu um
servicinho aqui otro ali.”
Concordância Verbal
Forma utilizada pelos
personagens: “cinema tem mais nois num sabe se vai passa da filme da mazaropi.
Nois nunca viu nem.” “nois podi ajuda ocê.” “O dona, eu já vi qui a senhora é muito bondosa, a senhora podia
mim dá essis firme de Mazaropi, a senhora num sabi o tantu qui já andei pra vê
essis firme.” Forma aceita pela gramática normativa: “Cinema tem, mas não sabemos se vai exibir o filme do
Mazaropi. Nós nunca assistimos falou?” “Podemos ajudá-lo?” “Oh dona! Já vi que
a senhora é muito bondosa, daria esses filmes do Mazaropi para mim? Se a
senhora soubesse o quanto andei pra ver esses filmes!”
A forma de falar dos personagens
são alvos de preconceitos, entre os falantes da língua culta. Para a Gramática
Normativa a ausência de plural como nos casos presentes não podem ser aceito.
Rotacismo
Forma utilizada pelos
personagens: “vorta”, “firme”. Forma aceita pela gramática normativa: “volta” e
“filme”
Esse fenômeno é facilmente percebido entre
as pessoas de baixa escolaridade, que não é aceita pela gramática normativa.
Deslateralização
Forma utilizada pelos personagens:
“vermei”, “trabaiava”, “trabaio.” Forma aceita pela gramática normativa:
“Vermelho”, “trabalhava”, “trabalho”.
Concluir a aula mostrando aos
alunos as várias dimensões da nossa língua. Verificando as palavras, o estudo
da morfologia, da sintaxe e da linguística nos mostra aquilo que já foi observado
em pesquisas pelos renomados estudiosos, sobre o uso da língua pelos seus
falantes.
A
maneira de falar de uma pessoa reflete positiva ou negativamente, dependendo do
seu vocabulário ela é aceita ou até mesmo discriminada pelo seu modo de falar.
A Gramatica Normativa Brasileira não aceita expressões como vimos na fala dos
personagens do filme. Assim, a partir destas informações obtidas, aprimoramos o
nosso conhecimento sobre a variação da nossa língua.
REFERÊRENCIAS:
BAGNO,
Marcos. Gramática de bolso do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2013.
GÖRSKI,
Edair Maria; COELHO, Izete Lehmkuhl. Variação linguística e ensino de
gramática. Disponível em: . Acesso em: 4 maio
2018.
POSSENTI,
Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas, SP: Mercado das
Letras, 1996.
PEREIRA,
Luis Alberto. Tapete Vermelho: Ancine, 2006